Sou filha e neta de portadoras da DH. Como todos já devem saber, não existe tratamento preventivo para a DH. O que temos são tratamentos que minimizam os efeitos causados pela doença, melhorando a qualidade de vida do paciente.
Por este motivo, após muito refletir, decidi que não faria o exame genético para saber se eu tenho ou não a DH e se ela se desenvolverá ou não. Com 30 anos, casada e com o sonho de ter um filho, surgiu a questão: “Sem saber se eu sou ou não portadora da DH, como poderia garantir que meu filho seria saudável, que não teria a DH?”
A partir desta questão, comecei a pesquisar todas as possibilidades existentes, no Brasil e no Exterior, para garantir a saúde e futuro do meu filho. Depois de muita pesquisa em Portugal, Espanha e Estados Unidos e de muita paciência, para que nosso País pudesse nos fornecer recursos adequados, consegui, com a ajuda de um grande médico brasileiro e grande ser humano, uma solução.
Não pensem que foi fácil, pois envolve muito mais do que o seu sonho, envolve a vida do seu companheiro, os sonhos dele, e, se for o caso, os de seus irmãos e pais, todos envolvidos, de alguma forma e em variado grau de extensão e profundidade, nesta busca pela realização de um sonho maior.
Esta solução envolve também muita determinação, do casal que está em busca deste sonho, do médico que está empenhado em fornecer o melhor atendimento possível, do laboratório que estará lidando com uma situação muito específica e delicada e, por fim, de todos os profissionais e parentes envolvidos neste sonho.
Após quase 3 anos de buscas e tentativas, consegui engravidar de um bebê saudável, livre da DH. Continuo sem saber se sou ou não portadora, mas isto pouco me importa (pelo menos por enquanto). O importante é que meu filho será saudável e não terá que sofrer com os sintomas e com o difícil tratamento, nem sempre acessível aos portadores.
Esse sonho foi possível, realizando um tratamento de fertilização “in vitro” (ou “fertilização assistida”), associado com uma análise genética, efetuada nos embriões, antes destes serem transferidos para o meu útero.
Esta análise genética ainda não está disponível no Brasil mas, graças à determinação do médico e à parceria por ele firmada com um laboratório norte-americano, conseguimos realizar este exame sem ter que sair do País. A fertilização é um processo cansativo, que envolve muita expectativa e determinação, mas que no final, ao ver o rostinho do seu filho no ultrassom, torna-se totalmente irrelevante.
Só quem passa por esta experiência, sabe que a conquista de um sonho vale todo o esforço e sofrimento passados. A conquista de se ter um filho saudável, sem o “fantasma” da DH, faz com que cada busca, cada “porta na cara”, cada passo adiante, cada lágrima e cada sorriso tenham valido a pena.
Para finalizar, gostaria de deixar dois lindos pensamentos:
” Não deixe que seus medos tomem o lugar dos seus sonhos” (Walt Disney)
“Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje” (Provérbio Chinês)
Cristina, março de 2006.