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É com pesar que comunicamos o falecimento de Durvalino Fernando, de Santa Maria/ES. Faleceu nesta terça-feira (28/02/2023), aos 84 anos.
A ABH envia condolências aos familiares e amigos de seu Durvalino.
Diretoria ABH
Durvalino Fernando, o moço bonito do Espírito Santo
Trabalho e honestidade foram a sua maior marca. Trabalhava com afinco na cerâmica e era considerado funcionário de confiança. Pegava no pesado e isso era notado na brutalidade de suas mãos.
Casou-se com Terezinha, a moça que nasceu em Rio Bonito, e com ela teve 5 filhos: Jefferson, Jaqueline, Joelma, Jocelino e Jane. Todos apaixonados pelo exemplo do pai e por ele tiveram respeito e obediência. Sabiam que o pai gostava que se sentassem a mesa para as refeições e também em carreirinha para ele verificar se as unhas estavam bem cortadas e limpas.
Gostava de amigos, família e mesa farta. Aos poucos foi demonstrando com o corpo uma característica bruta, inquieta, e temperamento forte, muitas vezes não compreendido. Isso já era o início de sua via crucis.
Aproximadamente aos 60 anos, a família percebia que algo não ia bem e, depois de uns anos, com a ajuda e pesquisa da sua nora Ana Paula, descobriu-se a patologia genética e desordenada de uma proteína.
Seu Durvalino era pessoa com Huntington e nunca ninguém da família havia escutado falar nessa doença, muito menos em seus sintomas e aspectos hereditários.
Sofrimento e resignação talvez sejam as palavras que defina os últimos 17 anos da vida de Durvalino Fernando e também de sua fiel escudeira, sua esposa Terezinha.
Aos poucos foi ficando debilitado até acamar-se por completo. Terezinha assumiu um papel que só mesmo quem ama o pode fazer. De esposa passou a ser cuidadora, e que cuidadora! Exemplar, única e praticamente perfeita.
Quando chegávamos lá sempre encontrávamos casa limpa, roupa no varal, comida cheirosa e seu Durval trocado, cheiroso, com direito a hidratante e de barba feita.
Dona Terezinha chegou a conseguir “curá-lo” de uma desidratação séria, dando a ele água de côco em um conta-gotas. Isso, só ele sentia. Isso, só ela fez. Ainda ontem ela me dizia: “Marcelinha, o relógio despertou às 16h, era hora do mingau dele. E que vontade de ir lá na UPA dar o mingauzinho”.
Incrivelmente e até inexplicavelmente, Durvalino não usava sonda, se alimentava via oral, não tinha anemia, nem pneumonia e nem teve Covid-19. Uma espécie de “super guerreiro” com a sua fiel escudeira sempre de prontidão.
Ontem, 28 de fevereiro, Dia Mundial das Doenças Raras, dia em que usamos as cores verde e rosa que são as cores que representam a DH, Dona Terezinha aceitou dividir os cuidados do seu amado com os médicos. E assim ele foi levado para uma consulta. Porém, ao entrar no carro, sofreu uma parada cardíaca. Ao chegar na emergência mais próxima foi constatado o infarto de um coração cansado.
Ele estava cansado, porque guerreiros também cansam e está tudo bem com isso.
Ontem foi pedido para acenderemos uma luz para os raros e Deus acendeu a maior luz para seu Durvalino Fernando. A luz eterna.
Já nem lembramos mais quando foram as suas últimas palavras de forma nítida, pois há muito tempo ele já não conseguia pronunciar mais nada. Porém, lembramos exatamente quais eram essas palavras: “LINDA, LINDA!”. Um jeito de amar e acariciar todos os dele.
Pra você, Durval, fica o nosso respeito, a admiração, os agradecimentos e a saudade. Conosco fica a paz que seu descanso traz.
Descanse em paz, LINDO, LINDO!
Texto de Marcela Nogueira Fernando, nora de Durvalino Fernando
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