ENTENDENDO A DOENÇA DE HUNTINGTON

Saiba mais sobre os sintomas, a progressão e o impacto da DH na vida das pessoas

O QUE É A DOENÇA DE HUNTINGTON?

A Doença de Huntington (DH) é uma condição genética, hereditária e neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso central.

Ela se manifesta por uma combinação de sintomas motores, cognitivos e psiquiátricos, que geralmente surgem entre os 30 e 50 anos, embora casos mais raros em crianças e idosos também ocorram.

A DH é causada pela degeneração gradual de partes dos gânglios basais chamados de núcleo caudado e putâmen. Ilustração: Shutterstock (adaptado)

A causa da DH é uma mutação no gene responsável pela produção da proteína huntingtina, o que leva à degeneração progressiva de células nervosas em áreas específicas do cérebro.

SUMÁRIO

SINTOMAS DA DOENÇA DE HUNTINGTON

A DH é responsável por uma tríade de sintomas: distúrbios de movimento, declínio cognitivo e manifestações psiquiátricas. Ilustração: ABH

Os sintomas da DH podem variar amplamente entre os pacientes, até mesmo dentro da mesma família. Contudo, em algum momento, todos os indivíduos com a doença experimentarão uma combinação de:

  • Sintomas motores: movimentos involuntários (coreia) por todo o corpo, desde os pés, braços, até na musculatura facial;
  • Sintomas cognitivos: problemas de raciocínio, concentração e de memória;
  • Sintomas comportamentais: alterações emocionais, de humor e de personalidade.

Esses sintomas impactam diretamente a capacidade de realizar atividades diárias e afetam significativamente a qualidade de vida.

O QUE CAUSA A DOENÇA DE HUNTINGTON?

A doença de Huntington acontece por causa de um gene defeituoso no DNA.

O DNA é como um manual de instruções biológicas que recebemos dos nossos pais. Figurativamente, podemos descrever que os genes são as palavras deste manual que dirão para as nossas células como construir proteínas (pequenas peças moleculares que são úteis às células).

Porém, quando esse gene defeituoso da DH está presente, as células podem começar a receber instruções confusas, como se as “ordens” que as células recebem ficassem bagunçadas e isso pode afetar o funcionamento de uma parte do cérebro denominada gânglios da base.

Todas as pessoas possuem duas cópias de genes que podem ser afetados pela DH: um herdado por parte da mãe e outro herdado pelo pai. Porém, nas pessoas que desenvolvem a DH uma dessas cópias está mutada de modo específico.

Ilustração: Reprodução/ABH (adaptado)

Na DH o defeito genético ocorre pela repetição de uma sequência do trinucleotídeo CAG no gene IT15, especificamente no braço curto do cromossomo 4, ocasionando degeneração gradual do sistema nervoso.

Pensando no nosso exemplo anterior em que o DNA é o manual de instruções da vida, os genes seriam as palavras, e essa sequência de trinucleotídeos CAG seriam as letras desse manual que, em decorrência da mutação da DH, estão exageradamente repetidas, tornando a instrução da proteína huntingtina alterada.

O gene IT15 que é afetado pela DH tem por função codificar a proteína chamada Huntingtina (Htt) que se encontra não apenas no cérebro, como também em vários tecidos do organismo.

A função da proteína Htt ainda não é totalmente conhecida, embora acredita-se que ela interaja com diversas outras proteínas e se envolva na transcrição, sinalização e transporte celular.

Faixas das repetições CAG encontradas na DH e seu significado clínico. Ilustração: Huntington's Disease Association/ABH (adaptado)

A variação normal dessa sequência é de até 26 repetições CAG. Sequências de repetições entre 27 e 39 são raras e ocupam uma faixa intermediária, na qual o indivíduo pode ou não desenvolver a doença, mas permanece o risco de transmiti-la à sua prole, chamada de penetrância variável ou zona cinza. Já quando as repetições ocorrem em número maior que 39, a DH irá se manifestar na pessoa em algum momento da vida.

IMPORTANTE!

O portal da ABH oferece informações sobre a Doença de Huntington com o objetivo de disseminar conhecimento e oferecer suporte à comunidade. 

No entanto, o conteúdo aqui apresentado não substitui a consulta com um profissional de saúde. Para questões médicas específicas, busque sempre a orientação de um médico ou especialista.

COMO A DH IMPACTA A VIDA DAS PESSOAS

Os sintomas motores da Doença de Huntington incluem movimentos involuntários, chamados de coreia, rigidez muscular, dificuldades de coordenação, equilíbrio prejudicado e alterações na fala e deglutição.

Esses sintomas podem piorar com o tempo, tornando atividades simples, como caminhar, comer e falar, progressivamente mais difíceis.

Os sintomas cognitivos envolvem o declínio na capacidade de concentração, planejamento e tomada de decisões.

Isso pode afetar significativamente o desempenho no trabalho, a independência nas tarefas cotidianas e até mesmo as interações sociais. Com o avanço da doença, o paciente pode desenvolver demência.

No campo psiquiátrico, os indivíduos com DH podem apresentar depressão, irritabilidade, ansiedade, apatia, impulsividade e, em casos mais graves, comportamentos obsessivo-compulsivos e pensamentos suicidas.

Esses sintomas podem gerar conflitos familiares, dificultar o convívio social e agravar o isolamento, aumentando a carga emocional para os cuidadores e familiares.

Foto: Meghan Andrews Photo/HD Portraits

Com o avanço da doença, a necessidade de cuidados intensivos torna-se indispensável, e a perda progressiva de autonomia pode ser devastadora tanto para o paciente quanto para aqueles ao seu redor. 

Por isso, um acompanhamento multidisciplinar, envolvendo médicos, psicólogos, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde, é importante para minimizar os impactos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.

Além disso, a doença de Huntington é mais do que uma condição médica; ela impacta profundamente todos os aspectos da vida de quem é diagnosticado e de suas famílias.

A perda gradual de habilidades motoras, cognitivas e emocionais exige adaptações constantes, tanto para o paciente quanto para os cuidadores. Além dos desafios físicos, o estigma e a falta de compreensão sobre a doença podem isolar os pacientes e suas famílias.

Entender a DH é o primeiro passo para oferecer o apoio necessário e combater o preconceito. A ABH está aqui para fornecer as informações e o suporte de que você precisa para enfrentar essa jornada com conhecimento e resiliência.

TRATAMENTOS

Atualmente, não há cura para a doença de Huntington, mas existem tratamentos que podem aliviar os sintomas e proporcionar maior bem-estar aos pacientes.

A conscientização sobre a doença e o apoio emocional e social são essenciais para enfrentar os desafios que ela impõe, tanto para os pacientes quanto para suas famílias.

Um médico bem informado pode prescrever um tratamento para minimizar o impacto dos sintomas motores e mentais, embora estes sejam progressivos.

Alguns dos profissionais de saúde que poderão atuar visando melhorar a qualidade de vida e a convivência com a doença e suas limitações são:

  • Assistente Social;
  • Enfermeiro;
  • Fisioterapeuta;
  • Fonoaudiólogo;
  • Geneticista;
  • Neurologista;
  • Nutricionista;
  • Psicólogo;
  • Terapeuta ocupacional.

POR QUE SE CHAMA DOENÇA DE HUNTINGTON?

A doença recebeu o nome do autor que realizou a primeira publicação científica que a descreveu: o médico norte-americano George Huntington. Ele apresentou suas observações intituladas “On Chorea” (Sobre a Coreia) aos 21 anos, em 15 de fevereiro de 1872. 

No mesmo ano, em 13 de abril de 1872, três dias após completar 22 anos, Dr. Huntington teve seu ensaio publicado no “Medical and Surgical Reporter”, um periódico médico da Filadélfia, Estados Unidos.

O médico norte-americano George Huntington apresentou suas observações intituladas “On Chorea” (Sobre a Coreia) aos 21 anos, em 15 de fevereiro de 1872. Foto: Reprodução

Antes dessa publicação de George Huntington, alguns outros nomes já haviam descrito a doença:

  • Charles Oscar Waters, médico norte-americano que detalhou características da DH em uma carta escrita em 1841 e publicada no ano seguinte.
  • Johan Christian Lund, psiquiatra norueguês que também descreveu sinais da doença doze anos antes de George, em 1860.

Entretanto, a riqueza dos detalhes e a precisão nas descrições clínicas marcou o nome de George Huntington para batizar a doença.

COMO SE PRONUNCIA HUN-TING-TON?

A palavra Huntington se pronuncia da seguinte maneira:

  • Hun: pronuncia-se como “rã”.
  • ting: pronuncia-se como “tim”, semelhante ao som de “tin” na palavra “tinta”
  • ton: pronuncia-se como “ton”, similar ao final da palavra “batom” (sem o “m” forte no final, mantendo o som nasal).

Portanto, a pronúncia completa de Huntington em português seria algo como “rã-tim-ton”.